4.1.13

Vila Natal.

Nem sei bem por onde começar. 
Talvez pelo delírio de achar que no dia 27 de Dezembro a Vila Natal estaria às moscas, vai estar tudo a trabalhar, menos nós e tal, nem são férias escolares nem nada, enfim, há-de ser um sonho tornado realidade.

Mas apesar de ser 6ª feira, era domingo na Vila Natal.

Chegámos em plena hora de almoço esgalfinhadinhos com fome, sem ter conseguido marcar mesa em lado nenhum, convictos que chegaríamos a tempo de arranjar um buraquinho para almoçar. Esquece, engole um pão com chouriço em andamento e não digas que vais daqui. Com a Rita a queixar-se que não gosta de chouriço, a Joana que não gosta do pão e vamos lá embora que ainda nem sequer entrámos na VN propriamente dita. 

Bilheteiras, fila interminável até ao cimo da ladeira. As miúdas eléctricas a implicar uma com a outra, numa mistura de zanga, provocação e risota cúmplice que me estava já a complicar com os nervos. E quando as nossas se portam mal, parece que todas as crianças à volta se portam bem, porque ficam espantadas, de boca ligeiramente aberta a olhar para o espectáculo. No meio do silêncio das crianças estupefactas com a energia das nossas, só se ouvem as nossas. E as nossas quando percebem que têm assistência ficam ao rubro.

Depois de entrar... enfim, é para esquecer. A ideia é gira, mas não está preparada para tanta gente. Estava tudo apinhado de gente, não se conseguia entrar em lado nenhum, só famílias e mais famílias, criancinhas aos gritos, pais descabelados, escolas inteiras, gente malcriada, gente impávida e serena, que tanto invejo. Eu estava gente se-me-tocas-apanhas. Mas tentei manter a compostura que a mãe do Ruca teria naquela situação. Então toca de nos enfaixarmos logo na fila para a patinagem no gelo cujo ringue devia ter um metro quadrado de tamanho com uma mancha de crianças e adultos descontrolados a cair ou a andar mais depressa do que deviam. Um cenário de horror.

Devíamos ter uma hora de fila na frente, no mesmo registo da fila da bilheteira. Deixei o Nuno a tomar conta da ocorrência e fui-me sentar um bocadinho enquando observava o espectáculo das famílias todas em ponto de rebuçado. Que tem alguma graça, confesso. Quando chegou a nossa vez, a pista fechou meia hora para manutenção. Perfeito. Já só pensava como gostava mas é de estar em casa, enroscadinha com elas no sofá a jogar um jogo ou a ler um livro. Lá foram, divertiram-se imenso e ainda consegui alegrar-me com o espectáculo de um menino aí de 4 anos com a maior birra de todos os tempos. Todo ele era ranho. Quando não é com os nossos, até distrai e dá aquela sensação de que mesmo assim, há sempre muito pior.

Enfim, a Joana ainda subiu uma parede de escalada e teve que  pôr um capacete e eu só pensava em piolhos. A Rita andou num escorrega desenxaibido e fugimos dali para fora. Não vimos espectáculo de marionetas. Estava cheio. Não vimos a casa do pai natal. Estava cheia. Não entrámos nas restantes coisas. Estavam cheias. E ainda havia aquela neve a fingir, que sempre que caía era a Vila Natal em peso a deslocar-se em êxtase  para ficar com bocadinhos de espuma branca no cabelo e roupa. Mais um cenário de horror.

O ano passado fomos dia 2 de Janeiro e divertimo-nos. Este ano foram elas que disseram: nunca mais cá voltamos, pois não? Olha que bom, nisso estamos mesmo de acordo.

3.1.13

Este ano,

como já faz parte da minha tradição, atrasei-me nos preparativos  para o Natal. De repente "acordo" e já estamos no fim de Novembro e tenho quase tudo por fazer. Das 1001 ideias que marinam na minha cabeça durante todo o ano, no que diz respeito a enfeites, surpresas para as meninas, presentes, produtos para o Natal, a lista fica reduzida a algumas poucas ideias que ainda terei tempo de concretizar e o Natal esfuma-se assim em pouco tempo. Mea culpa.

Graças ao muito simpático post da Pipoca Mais Doce, este foi o meu melhor Natal em termos de vendas. As umbiguices chegaram a muito mais gente e foi uma catapulta para a notoriedade da minha marca. Em 3 semanas produzi duas centenas de caixas de chocolates, e quase uma centena de agendas e calendários. Foi fantástico. Pouco dormi, pouca atenção dei às miúdas, em casa de férias praticamente em auto-gestão mas particularmente compreensivas, recrutei mão de obra infantil (bendita Joana!) para me cortar fios e fita cola e muitas outras coisas e mais uma vez senti que a magia do Natal me passou ao lado.

O meu escritório parecia uma zona de guerra que se foi estendendo até à sala. Detesto viver assim, mas não havia tempo para melhor. A parte da gestão de emails tirava-me mais tempo do que a que eu gostaria. Passava muitas horas por dia a responder a dúvidas ou comentários de clientes, a gerir moradas, pacotes de correios, impressos de correio registado, embrulhos com bolhinhas para nada falhar. Mais as idas aos correios, que nessa altura são de fugir, horas na staples a encadernar agendas e comprar material. A meio da loucura tive um problema no meu outlook e perdi todos os emails que tinha arquivado com as fotografias dos clientes, o que dá sempre aquela pitada de emoção.

A produção de uma caixa de chocolates tem muitos passos: várias fitas, faixas, flor de cartolina, fita cola, personalização de chocolates, cortar aqui e ali, mais fita cola, papel de seda, cartãozinho de boas festas, embrulho, etiqueta natalícia, mais fio, mais fita cola. Mas é assim que gosto de fazer as coisas, com todos aqueles detalhes especiais que fazem a diferença.

Não me queixo, são 3 ou 4 semanas super intensas mas recompensadoras, já que as pessoas são muito queridas e carinhosas com o meu trabalho. Tiram uns minutos do seu tempo para me enviar um email a dizer que gostaram muito, que foi especial para a pessoa que recebeu, não são parcas em palavras e ainda sabem elogiar quando é preciso. Ou criticar também, se alguma coisa não está bem. Ajuda muito, quando se trabalha sozinha, ter este feedback das pessoas.

A partir de dia 22 de Dezembro, fechei a loja. Tinha um Natal para viver, presentes de Natal para comprar (dos poucos que não comprei via net) e horas para dormir.  O próximo ano avizinha-se bom, já com muito trabalho na calha e muitas muitas ideias a fervilhar. Hoje as meninas regressaram à escola, depois de quase três semanas de férias e é assim com um misto de alívio e vazio que vejo as festas terminarem.

E foi quase no dia de Natal que fomos pela última vez aos correios, desta vez para algo muito mais importante:


Entretanto fica aqui a minha primeira promessa do ano. Não me apanham na curva outra vez. Vou começar já a preparar o Natal 2013. Está prometido.

Hum... hoje ainda não, começo amanhã.