29.10.10

A Joana

já calça o 34. Medo. E no outro dia, em véspera de um ditado de inglês magicou levar as palavras escritas num papelinho para depois copiar. Mesmo sem ter a noção, engendrou mentalmente que era boa ideia levar umas cábulas. Cábulas. Tem 7 anos, calça o 34 e já tem ideias destas. O que será quando tiver 15 anos. Claro que levou logo com um camião de sermões em cima. Ainda tive esperança de ter sido alguma ideia surgida no recreio entre jogos de futebol e trocas de cromos. Mas não, gabou-se da ideia luminosa que teve naquele momento. No fim, não levou cábulas, treinou as palavras e teve boa nota.

Outro dia, na aula, tinha que escrever um sinónimo de "ergueu-se". Não sabia e perguntou sorrateiramente ao colega do lado. O colega disse qualquer coisa e ela escreveu o que ouviu: "estrolitar". Sinónimo de "ergueu-se" é "estrolitar". Se não sabiam, ficam a saber.

Ficámos mais tarde a saber que o colega pelos vistos lhe disse a resposta certa, mas que ela não percebeu. Percebeu estrolitar e achou que lhe soava lindamente. Moral da história, se queres copiar, ao menos que o faças como deve ser.

Agora estrolitar é um clássico cá em casa. Qualquer frase em que dê para meter estrolitar, lá está ele. A Joana fica furiosa. Ou estrolitada.

11.10.10

Há uns dias,

conforme prometido numa outra ocasião, ofereci à Rita um vestido de princesa. Foi em desespero de causa que lhe prometi mais uma peça de tule com purpurinas que se espalham como cotão pela casa e pela nossa cara que depois anda constantemente a brilhar, mas depois de prometido, já não havia volta a dar.

Ainda estava ela em pleno delírio a apreciar a indumentária quando vem a Joana com o seu não sei quê de irmã mais velha, educadíssima, com as regras de boas maneiras todas ali a palpitar e vira-se para a Rita:

- Rita, o que é que falta? (queria ela dizer, que o que faltava era dizer obrigada à sua querida mãe pelo presente)

E a Rita completamente noutra sintonia, responde:
- Uns sapatinhos.

6.10.10

As férias no nosso Alentejo

foram mais uma vez brindadas com aquele calorzinho gritante de que nós tanto gostamos. Uma delícia. Só as noites foram uma tortura. Às 11 da noite muitas vezes ainda estavam 30 graus e adormecer que era bom, nada.

Este ano congeminei uma super caça ao tesouro para as meninas. Com pistas em rima e tudo. Espalhadas por todo o lado. Casa do cão, figueiras, potes com vespas, no meio das cebolas na horta, e o tesouro no meio da piscina, dentro de um barquinho insuflável. Foi mesmo giro. Elas adoraram e eu adorei vê-las felizes, a explorarem cada cantinho, muito atentas às rimas, as duas a quererem ficar com as pistas para sempre. A Joana inchada por ser a porta-voz que lia as pistas. O tesouro foi um sucesso. Deu para muitas horas de papo para o ar enquanto elas criavam verdadeiras obras de arte.

Como não podia deixar de ser.

Florbela presente.

umbigo.

Não vos quero maçar...


mas ainda tenho aqui mais algumas coisas que queria "postar" sobre as Maldivas. E num dia chuvoso como o de hoje vai ter mesmo que ser.

A ilha estava minada destes caranguejos-eremitas que tomam posse de búzios abandonados e fazem deles a sua casa. Ainda bem que eu não tinha nojo, senão era uma carga de trabalhos. Havia mesmo muitos e alguns eram tão grandes que pareciam umas tarântulas. Eram completamente stressados, cada vez que nos aproximávamos, eles fechavam-se imediatamente na concha.

Com tanto que tínhamos que fazer naquele paraíso, decidimos fazer umas corridas de caranguejos. Mas como às tantas já não sabíamos qual era o caranguejo de quem, começámos a pôr uma pinta no búzio com uma cor diferente. Construíamos pistas na areia altamente profissionais cheias de obstáculos, túneis e descidas a pique (coitadinhos, tinham tanto medo das descidas que a maior parte das vezes davam meia volta e iam para trás). Havia sempre um preguiçoso que não andava. Outro que andava para o lado errado e depois uns aceleras que tinham como missão fazer a pista num foguete. As miúdas deliravam e queriam trazê-los para Lisboa. Mas quando perceberam que as mordiam com as tenazes, esqueceram-se logo da ideia.


E depois havia uns que se distraíam e ficavam perdidos de amores pelo nosso carangejo-eremita de estimação.